sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Anedota

Para fazer rir (:

Para entender a história, duas informações importantes:

1. Em Toluca há em alguns postes de luz uns cabos que descem diagonalmente, formando uma hipotenusa entre o poste e o solo. Eu ainda não entendi porque desses cabos, mas o importante foi descobrir que não davam choque.
2. Em Toluca e na Cidade no México não se respeita nenhum ponto de ônibus: quando vc dá sinal o ônibus para, seja no ponto, seja no meio da avenida central; quando vc aperta o botão para parar, ele para, seguindo as mesmas regras

Enfim, vamos a história:

Um dia levantei com muito frio e com muito sono.
A verdade é que as minhas lembranças dessa manhã estão bem dispersas, porque não sei bem se já tinha acordado, ou não (nunca tiveram essa sensação ?!)

Nesse dia, estava no ônibus indo para faculdade. Eram quase 8h.
Um muchacho apertou o botão para descer e como não era um ponto muito distante da minha faculdade, fiquei com dó de fazer o motorista parar de novo cinco metros a frente e decidi descer aí também. Eu não demorei muito, estava no pé do muchacho. Esperei ele descer, e quando comecei a descer, o ônibus começou a andar.
Foram três segundos:
1. bom, tenho que descer
2. vou descer, porque está devagarzinho
3. desci.

O que eu não esperava: quando desci, o ônibus tinha andado o suficiente para que eu desse de frente com um desses cabos-hipotesas, que acertou em cheio meu nariz e minha testa!!

Mais três segundos:
1. Aehh, bom dia Esther! que aconteceu ?
2. Dói, dói, dói
3. SERÁ QUE ALGUÉM VIU ?!!!
4. Será que esses cabos estão sujos ? OH meu Deus, será que tenho gracha na cara ???????????
5. Para que direção tenho que ir ??

E então comecei a andar na direção certa, rindo, rindo, do meu momento Indiana-ops-Mr. Bean, limpando a cara que eu pensava estar com um risco diagonal de testa a queixo... mas não, não estavam sujos os cabos... eu estava com uma marca avermelhada da testa, uma evidência de que algo tinha acontecido :P

Resultado: dores na testa o resto da semana, sem mais efeitos colaterais.
No final das contas, deve ter sido uma maneira graciosa de ser evidentemente acordada por meu anjo da guarda, hahahaaha!
Beijinhos!




quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Cotidiano

6h (aquele período em que resistimos mais um pouco na cama, até nos darmos conta de que há vida fora dos cobertores - ainda mais aqui em Toluca que amanhece, em pleno verão, com 10oC!!)
7h Missa (Amor)
7h45 Desayuno andante: passar pelo parque da cidade, ver as pessoas indo ao trabalho, ver os primeiros estudantes ir para escola etc enquanto vou para a faculdade
8h Español Escrito: Normas Gramáticais
10h tempo livre. Estudo, rosário, estudo.
12h Literatura Prehispánica
14h Comida (enchilladas com coca ou liquado):D
15h Estudo (oh meu Deus, como Prehispánica é maravilhosamente difícil!)
17h30 Ida a uma igreja antiga: leitura, oração etc.
18h30 Estudo (sim, tenho que ler esse texto para a aula de Analise del texto narrativo amanhã)
20h Cena (tacos ou tamales ou fruta ):D
21h Estudo ou cama :P

Bem esse é mais ou menos o meu cotidiano. Não muda muito com relação ao do Brasil, a diferença é que às vezes tenho muitas desculpas para ir visitar pontos turísticos e coisas assim (:
Estou sendo agregado no face por alguns mexicanos porque é incrível a repercussão que teve o crescimento do Br por aqui. Encontrei com muitos que querem vir ao Br pelo menos uma vez na vida, ou outros que já estão decididos a ir morar por lá. Há na faculdade o curso de Português, e o professor já veio conversar comigo e outras brasileiras para que fóssemos ajudá-lo com conversação um dia desses...
Além do mais, não poderia faltar numa faculdade de humanidades a turminha da esquerda. Há alguns cartazes (poucos, comparado a Letras...) e pequenas manifestações do opinião a respeito de uma suposta fraude nas eleções: ganhou Peña Neto, do PRI, partido que esteve no poder por 70 anos no México, e conhecido pela corrupção. Não estamos tão diferentes, afinal.
Entretanto essa esquerda parece atrapalhar mais: o candidato de extrema-esquerda é conhecido por fechar avenidas ou lugares importantes e causar um transtorno enorme aos cidadãos que quer defender (!!!!). Em eleções passadas, com a mesma desculpa de fraude, fechou o que seria a Av. Paulista com manifestantes, do tipo sem-terra, por quase 4 meses!
Enfim, não falemos de política, falemos de...comida!
Não é tão picante como é famosa - a verdade é que na maioria das vezes a pimenta é opicinal. Tipo mostarda no Br. Uma única vez peguei um delicioso hambúguer que, no meio, vinha com uma pimenta terrível e desatei a beber coca-cola :P
As tortillas não são tããão gostosas, mas se pode comer. Os tamales, tacos, etc são ótimos e muito mexicanas. As enchilladas têm um pouco de pimenta, mas a verdade é que aos poucos, vc até acaba gostando. O que também é opcinal no hamburguer é abacaxi e abacate (sim, muito estranho!)
Bebe-se muita coca-cola. Há também águas de jamaica, tamarindo etc, que não são sucos, porque sucos são da polpa da fruta e essas águas são como, não sei, a essência líquida da planta, ou qualquer coisa assim...
Que querem mais ?! Há algo que gostariam que eu contasse ? (:

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Los chofers


Bem, acontece que assim são chamados os motoristas de ônibus no México. E eu tinha certa obrigação de escrever sobre essas pessoas raras.
Vamos ao primeiro ponto. Aqui no México o transporte público me pareceu bem eficiente. Isso não significa que esteja tudo tinindo de novo... mas bem ao contrário...

Os ônibus são propriedade da empresa que controla o transporte público. Mas os ônibus ficam em posse dos chofers - e isso significa que eles tem que ter os cuidados para concertá-los, mantê-los em ordem... e que podem customizá-los.

A verdade é que nada foge muito do que já tomaríamos por ´mexicanidades´... Temos por exemplo os motoristas que colocam adesvisos de caveiras - no maior estilo ´Fiesta de los muertos´. Outros colocam adesivos do tipo ´Esse motorista pode desaparecer a qualquer instante´ - em alusão à crença protestante do arrebatamento. Ou então podem colocar um monte de santinhos em imagens, estampas etc. Ou então podem fazer as três coisas juntas e ao mesmo tempo. Por que não né?

O que não escapa, e que há em comum nos três tipos é um crucifixo. Pode ser simples e fino, pode ser grande e de madeira, às vezes é daqueles piedosos que nos faz ter uma crise existencial e a pensar no sentido da nossa vida.

Além das customizações, tem a música. Sim, a música. Porque o transporte público em São Paulo é (para bem, para mal) silencioso. Aqui, os motoristas podem escutar o que bem querem. Mônica, minha ´irmã mais velha´, disse-me uma vez que o gosto dos chofers era ´raro´. hahaha, muito bem. Até hoje não escutei baixarias - a não ser se contar aquela vez em que ao mudar de música o motorista se deteve um breve momento no `ai ai ai´ inicial de Michel Teló... sim, senhoras e senhores! - mas ouvi desde rap em espanhol, até o mais comum, que interiormente chamo de Jovem Guarda mexicana. Porque afinal os ritmos lembram-me a Roberto Carlos, assim como as letras das músicas.
E , por enquanto, não tenho me incomodado tanto...

Bom, e deixando as customizações e músicas de lado, falemos das pessoas. É interessante: há alguns que aparecem com o básico: camisa, jeans, tênis. Outros, aparecem com um quê professional: camiseta, calça reta, sapato. Alguns são gentis, outros indiferentes, outros mais rudes. Há alguns que só dirigem. Outros que dirigem e mudam de música. Talvez alguns que cantem. Outros que dirigem com o jornal aberto em cima do volante, quem sabe o porquê...

E ao me sentar, não posso me conter em observá-los.
Pensar em como é sua vida. E o que os deixa preocupados.
E o que faz com que queiram chegar logo em casa, ou demorar-se no caminho.
Pensar no que querem dizer com aqueles adesivos, imagens, frases. Obviamente, acabo por deter-me no crucifixo, e em uma oração. Que cheguem logo em casa, que tenham a comida quentinha, que ajudem seus filhos na escola, que estejam felizes, que descubram que o doce sentido da vida está além do ter ou não um crucifixo, mas que está no amor que tenham ao olhá-lo e ver até onde foi o Amor.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Toluca

A cidade é pequena. Quer dizer, é bem menor que São Paulo.

No primeiro dia que cheguei, quis logo saber das igrejas. Onde estavam, quão distantes ficavam do lugar da minha possível hospedagem, que horas abriam, que horas fechavam. Que horas eram as missas, que santos haviam dentro delas. Há quem chame de fanatismo, eu chamo de amor.

Logo conheci uma, de Los Desamparados tinha adoração perpétua ao Santíssimo Sacramento, Porque era uma capela reparadora. E me tranquilizei. Descobriria mais tarde que ficava a um terço da faculdade. Pouco a pouco, conheci as outras. Maiores, menores. Antigas ou com aparência antiga. Encontrei aquela ao qual me afeiçoei . San José del ranchito se chama. Ademais de ser de S. José, tem uma bonita imagem de Sta. Gemma Galgani, porque é dos passionistas. E também relíquias de dois jovens mártires romanos, Felipe e Gaudêncio, que foram trazidas para cá .

Afeiçoei-me também às imagens de Jesus crucificado. Tão reais, e tão próximas. Um dia, ao sair da capela, em silêncio, vi um senhor, velhinho já, beijando os joelhos machucados de Jesus. Comoveu-me tanto! Quis imitá-lo.

Por ser a cidade pequena, costumei ir andando de um lado ao outro. E a calcular a distância por terços: de casa até a faculdade, um terço e meio; de Los Desamparados até em casa um terço. De San Bernadino até a faculdade um terço.

O frio é agradável. E as chuvas também. Chove todos os dias em Toluca, com trovões e raios. A chuva vem e vai, e normamente dorme com a gente.

Em meu quarto tenho a cama e uma gigante mesa para estudar. E um calentador para esquentar a noite. Uma cruz de madeira, sem crucificado, e uma pequena imagem de Maria e de um anjo. Agora tenho alguns livros e papéis na mesa, que já está um pouco bagunçada...

Disseram-me que em Toluca as pessoas são frias. Não é verdade. Ninguém foi frio comigo, ao contrário, sempre foram muito gentis e amáveis. Tenho aulas com os bixos da faculdade. É interessante ver aqueles olhos brilhantes diante da perspectiva da faculdade. Como se agora fossem gente grande. E no entanto, são tão pequenos!

Às vezes, ao sair, dá uma vontade louca de conversar com as pessoas. De pará-las na rua e pedir que me contem sua história. Como chegaram até aqui. Que pensam, que querem, que amam, quem amam. Às vezes dá uma vontade de gritar para elas que Deus existe. Que se preocupa com elas. Que as ama, mais do que poderiam imaginar. Dá uma vontade de dizer que Ele está ali, naquela igreja, guardado no sacrário. Que está ali, esperando por elas há vinte e um séculos. Que Ele também quer ouvi-las, quer também falar com elas.

Em Toluca batem muitos sinos. Tocam, a cada 15 minutos. Às vezes, tocam um seguido do outro. De meu quarto posso escutá-los. Às vezes parecem chamar-me. E que vontade tenho de ir!

Em todo lugar, há a Virgem de Guadalupe. Que alegria é encontrar minha mãe no caminho! Olho para ela, e me lembro dos amigos que deixei no Brasil. Ela sabe.
E então digo que estou muito feliz de estar tão perto dela! E ela sorri.
E continuo: ´ruega por nosotros, ahora y en la hora de nuestra muerte...´
´Amém´.