segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Toluca

A cidade é pequena. Quer dizer, é bem menor que São Paulo.

No primeiro dia que cheguei, quis logo saber das igrejas. Onde estavam, quão distantes ficavam do lugar da minha possível hospedagem, que horas abriam, que horas fechavam. Que horas eram as missas, que santos haviam dentro delas. Há quem chame de fanatismo, eu chamo de amor.

Logo conheci uma, de Los Desamparados tinha adoração perpétua ao Santíssimo Sacramento, Porque era uma capela reparadora. E me tranquilizei. Descobriria mais tarde que ficava a um terço da faculdade. Pouco a pouco, conheci as outras. Maiores, menores. Antigas ou com aparência antiga. Encontrei aquela ao qual me afeiçoei . San José del ranchito se chama. Ademais de ser de S. José, tem uma bonita imagem de Sta. Gemma Galgani, porque é dos passionistas. E também relíquias de dois jovens mártires romanos, Felipe e Gaudêncio, que foram trazidas para cá .

Afeiçoei-me também às imagens de Jesus crucificado. Tão reais, e tão próximas. Um dia, ao sair da capela, em silêncio, vi um senhor, velhinho já, beijando os joelhos machucados de Jesus. Comoveu-me tanto! Quis imitá-lo.

Por ser a cidade pequena, costumei ir andando de um lado ao outro. E a calcular a distância por terços: de casa até a faculdade, um terço e meio; de Los Desamparados até em casa um terço. De San Bernadino até a faculdade um terço.

O frio é agradável. E as chuvas também. Chove todos os dias em Toluca, com trovões e raios. A chuva vem e vai, e normamente dorme com a gente.

Em meu quarto tenho a cama e uma gigante mesa para estudar. E um calentador para esquentar a noite. Uma cruz de madeira, sem crucificado, e uma pequena imagem de Maria e de um anjo. Agora tenho alguns livros e papéis na mesa, que já está um pouco bagunçada...

Disseram-me que em Toluca as pessoas são frias. Não é verdade. Ninguém foi frio comigo, ao contrário, sempre foram muito gentis e amáveis. Tenho aulas com os bixos da faculdade. É interessante ver aqueles olhos brilhantes diante da perspectiva da faculdade. Como se agora fossem gente grande. E no entanto, são tão pequenos!

Às vezes, ao sair, dá uma vontade louca de conversar com as pessoas. De pará-las na rua e pedir que me contem sua história. Como chegaram até aqui. Que pensam, que querem, que amam, quem amam. Às vezes dá uma vontade de gritar para elas que Deus existe. Que se preocupa com elas. Que as ama, mais do que poderiam imaginar. Dá uma vontade de dizer que Ele está ali, naquela igreja, guardado no sacrário. Que está ali, esperando por elas há vinte e um séculos. Que Ele também quer ouvi-las, quer também falar com elas.

Em Toluca batem muitos sinos. Tocam, a cada 15 minutos. Às vezes, tocam um seguido do outro. De meu quarto posso escutá-los. Às vezes parecem chamar-me. E que vontade tenho de ir!

Em todo lugar, há a Virgem de Guadalupe. Que alegria é encontrar minha mãe no caminho! Olho para ela, e me lembro dos amigos que deixei no Brasil. Ela sabe.
E então digo que estou muito feliz de estar tão perto dela! E ela sorri.
E continuo: ´ruega por nosotros, ahora y en la hora de nuestra muerte...´
´Amém´.

Um comentário:

  1. "Às vezes, ao sair, dá uma vontade louca de conversar com as pessoas. De pará-las na rua e pedir que me contem sua história."
    - Faça isso Esther, com certeza vai encontrar pessoas incríveis com histórias maravilhosas. Depois, é claro, você posta as histórias aqui pra gente conhecer também... aproveite muito!



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