quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Los chofers


Bem, acontece que assim são chamados os motoristas de ônibus no México. E eu tinha certa obrigação de escrever sobre essas pessoas raras.
Vamos ao primeiro ponto. Aqui no México o transporte público me pareceu bem eficiente. Isso não significa que esteja tudo tinindo de novo... mas bem ao contrário...

Os ônibus são propriedade da empresa que controla o transporte público. Mas os ônibus ficam em posse dos chofers - e isso significa que eles tem que ter os cuidados para concertá-los, mantê-los em ordem... e que podem customizá-los.

A verdade é que nada foge muito do que já tomaríamos por ´mexicanidades´... Temos por exemplo os motoristas que colocam adesvisos de caveiras - no maior estilo ´Fiesta de los muertos´. Outros colocam adesivos do tipo ´Esse motorista pode desaparecer a qualquer instante´ - em alusão à crença protestante do arrebatamento. Ou então podem colocar um monte de santinhos em imagens, estampas etc. Ou então podem fazer as três coisas juntas e ao mesmo tempo. Por que não né?

O que não escapa, e que há em comum nos três tipos é um crucifixo. Pode ser simples e fino, pode ser grande e de madeira, às vezes é daqueles piedosos que nos faz ter uma crise existencial e a pensar no sentido da nossa vida.

Além das customizações, tem a música. Sim, a música. Porque o transporte público em São Paulo é (para bem, para mal) silencioso. Aqui, os motoristas podem escutar o que bem querem. Mônica, minha ´irmã mais velha´, disse-me uma vez que o gosto dos chofers era ´raro´. hahaha, muito bem. Até hoje não escutei baixarias - a não ser se contar aquela vez em que ao mudar de música o motorista se deteve um breve momento no `ai ai ai´ inicial de Michel Teló... sim, senhoras e senhores! - mas ouvi desde rap em espanhol, até o mais comum, que interiormente chamo de Jovem Guarda mexicana. Porque afinal os ritmos lembram-me a Roberto Carlos, assim como as letras das músicas.
E , por enquanto, não tenho me incomodado tanto...

Bom, e deixando as customizações e músicas de lado, falemos das pessoas. É interessante: há alguns que aparecem com o básico: camisa, jeans, tênis. Outros, aparecem com um quê professional: camiseta, calça reta, sapato. Alguns são gentis, outros indiferentes, outros mais rudes. Há alguns que só dirigem. Outros que dirigem e mudam de música. Talvez alguns que cantem. Outros que dirigem com o jornal aberto em cima do volante, quem sabe o porquê...

E ao me sentar, não posso me conter em observá-los.
Pensar em como é sua vida. E o que os deixa preocupados.
E o que faz com que queiram chegar logo em casa, ou demorar-se no caminho.
Pensar no que querem dizer com aqueles adesivos, imagens, frases. Obviamente, acabo por deter-me no crucifixo, e em uma oração. Que cheguem logo em casa, que tenham a comida quentinha, que ajudem seus filhos na escola, que estejam felizes, que descubram que o doce sentido da vida está além do ter ou não um crucifixo, mas que está no amor que tenham ao olhá-lo e ver até onde foi o Amor.

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