sexta-feira, 28 de setembro de 2012

tempo para amar


O tempo no México é algo desconcertante.

Porque parece escorrer, parece ter pressa. Quer que eu viva dois dias de cada vez.

Eu tenho esse dom ou defeito de me acostumar muito facilmente às circunstâncias. Nesses dias me dei conta que tinha me acostumado a pegar o ônibus ao sair da faculdade, a conversar com as pessoas aí, a jantar tortillas com M., a preparar meu café-da-manhã na noite anterior, a ir pelo parque a pé fazendo a ação de graças, pela Comunhão recebida.

E então me dei conta... de que não é minha vida. De que é uma experiência, e que irá durar somente esses meses. E que apesar de ter deixado pessoas queridíssimas no Brasil, me dá um terrível aperto no coração pensar que muitas dessas pessoas com quem converso diariamente agora, nunca mais irei ver na minha vida.

Por isso meus últimos dias têm sido um constante não-me-acostumar. Não me deixar levar por essa rotina, que não é a minha, que é apenas desses meses.  E aproveitar a cada uma dessas pessoas o máximo que posso, porque o tempo urge, e não posso esperar, não posso desperdiçar um único minuto.

Essa semana, entre essas conversas diárias que temos na faculdade, vi L., uma amiga, de repente colocar uma cara triste quando ela mesma se deu conta disso tudo...´mas Esther... vc voltará, não é verdade... para visitar-nos...? ´ Não pude responder. Mudamos de assunto. Porque é muito doloroso. Quem sabe ? Quem sabe se vou voltar ? Talvez eu nunca mais volte a esse país – e não porque não tenha gostado, pois cada dia me cresce um amor por essa terra! – mas porque... quem sabe ...?

Que coisa é o amor. Nos deixa vulneráveis. Porque acabamos por nos importar de verdade. E às vezes isso gera essas dores. Mas isso não é motivo para decidir não amar. Porque... o que é a vida sem amor ? Vou dizer: é vazio. Quando amamos somente a nós mesmo, quando pensamos somente em nossos problemas, nos tornamos cada vez mais tristes. A verdadeira alegria é amar, amar a todos, ainda que nos façam mal. Ainda que não nos caiam bem. Amar a todos, porque isso nos torna livres, felizes, e ... vulneráveis. Mas quem se importa ?

Se Ele, por amor, quis se deixar ser vulnerável, e veio como um bebê indefeso...
Porque nos ama, se deixa ofender por nossas misérias, ao ver que fazemos mal a nós mesmos quando não O amamos. Se Ele, que é Deus, se permite vulnerável por amor... quem sou eu para não querer imitá-Lo ?

Porque por detrás de todo sofrimento que lhe causou amar-nos, nos deu a felicidade da vida eterna. Assim que confio que essa pequena dor de pensar que tudo aqui é temporário, também dará algum fruto, porque quem ama, já tem sua recompensa.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Pronomes, diminutivos e S. Pedro


Às vezes, tenho uma vontade enorme de falar português. 

A verdade é que mais do que falar português, quero não ter que pensar,  nem medir, nem reparar se estou usando bem as palavras, conjugando certo os verbos, colocando os pronomes adequadamente.  Mas não adianta. A revolta interior de meu cérebro, que não quer ter de se esforçar, acaba sendo vencida, porque não há modo que me deixe entender quando falo português. É que quando somos obrigados a falar outra língua, percebemos o quão maravilhoso é a nossa própria, o quanto é incrível que não tenhamos que parar a cada sentença para verificar se os tempos verbais estão adequados.

A mim, sempre me impressionou o uso dos pronomes no espanhol.  Acho que porque os nossos pronomes são muito desvalorizados. Um dia falei isso com uma amiga aqui no México, que ficou desconcertada: ´ah, legal vc gostar dos pronomes...´ me disse com um sorriso um pouco sem graça. É, vendo dessa maneira, talvez pareça estranho.

Um dia, brincando de esconde-esconde com meus sobrinhos, ao ver que eu me demorava para ir atrás deles, A. começou a falar: ´ENCUENTRAME!´ Imagine o meu desconcerto ao ver um garoto de 5 anos usar dessa maneira os pronomes! Vc me dirá: ´bom esther, é assim que é o espanhol´, mas ainda assim não me convenço. Acho incrível.

Uma outra coisa comum aqui são os diminutivos. A variação ´ahorita´ - de ´ahora´ (agora)- é dos mais usados. E temos ahora (que se utiliza para designar uma grande referencia de tempo), ahorita (daqui a pouco), ahoritita (imediatamente).

Um diminutivo ao qual de alguma maneira me afeiçoei foi ´padrecito´.  Uma vez me disse isso Y. se referindo a um padre jovem que conhecíamos.  Me pareceu tão terno! É que apesar de jovem, tem uma visão de mundo incrível. Uma vez ao conversar com ele, deu-me umas boas ideias para colocar em prática.  

(vcs vão me desculpar por falar tanto de catolicismo, mas às vezes me parece inevitável...!)

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A cada dia, em cada missa, a cada oração, eu tenho pensado em toda essa loucura de deixar nossa casa, nossa família, e ir para um lugar desconhecido, com outras pessoas, outros lugares, outra vida. A resposta me veio no Evangelho do dia: aquele de quando Pedro se jogou no mar ao ver Jesus caminhando sobre as águas.

Porque olhando com olhos humanos, o que Pedro faz é absurdo. O que ele queria ao se jogar nas águas ? Estava deixando sua barca, aquela barca de toda a sua vida, e que provavelmente conhecia cada canto, cada lugar. Aquela barca segura, quentinha, muito boa, ao qual muitos queriam ter.  Deixava seus amigos,  sua roupa, tudo. Saía nu da barca, para pular no mar.

É que no mar estava Jesus.  Ele podia reconhece-Lo. E no final das contas, que importa se o mar estava gelado, se tinha piranhas, se estava escuro ?  O verdadeiro absurdo, a verdadeira loucura era ficar na barca quentinha, quando Jesus o tinha chamado: ´Vem!´ .

Deus, criador do Céu, da Terra, de tudo o que vemos, que desenhou cada uma das pétalas das flores, que estabeleceu as regras de toda a natureza, que fez cada planeta e cada estrela de todo universo,... estava ali, e o chamava.

Talvez, para os que estavam na barca isso fosse absurdo. Talvez não tivessem certeza de que fosse Jesus. Talvez pensassem que era demasiado exagero esse negócio de pular da barca. Mas para Pedro, era claro, muito claro, era Ele, era Ele e o chamava. Tinha que ir. Porque maior loucura do que ir, era ficar.

Tudo isso para dizer que... apesar do enorme desconhecido que me esperava em Toluca, aqui já me esperava Ele.  Apesar de não conhecer ninguém, eu já tinha aqui uma Mãe que me esperava.  E tudo tem saído muito bem. Incrivelmente bem. Realmente, já estava tudo um preparado para receber-me, eu só precisava dizer que sim. 

 É uma loucura sair de casa... mas, se os pássaros não saem do ninho, como podem voar ?
               

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Fotos! (finalmente!)

 Catedral de Toluca, com amigos da faculdade

 Fiestas Patrias
Mole negro! Comida super típica : pedaços de frango com um molho que tem mais de 30 ingredientes entre nozes, pimenta, chocolate e não me lembro mais o que.... e o arroz, com uma pimentinha, claro!

Música


Aqui, nos dias 15 e 16 se comemora a Independência mexicana e são festejadas com muito patriostismo. Todos as prefeituras se enfeitam de vermelho e verde, todas as casas e carros na rua exibem bandeiras, todos os camelôs vendem todo o tipo de artigo para vestir nas comemorações: desde bigodes a sombreiros com o dizer ´iViva México!´, todas as lojas colocam piscass-piscas, e não é raro escutar quem grite ´Viva México´ pelas ruas, no rádio, na tv.

Na última sexta-feira fui ao Auditório Nacional para ouvir a Orquestra de Minería tocar músicas mexicanas em homenagem às Festas Pátrias. O auditório estava cheio de pessoas de todos os lugares e classes sociais, todos conversando, esperando nas filas, ansiosos.

A verdade é que, o concerto foi realmente muito bonito. E mais bonito ainda é ver o patriotismo dos mexicanos. Eu já ficara impressionada quando assiste ao jogo Brasil x México porque quando iniciaram o hino nacional todas as mexicanas na sala se levantaram em um salto. E o mesmo passou quando a orquestra iniciou com o hino - pois todos se colocaram de pé, inclusive os músicos que poderiam tocar seus instrumentos nessa posição.

Sei que muitos não se importam com a música clássica, e pensam que é uma chatice. Mas esse espetáculo não foi. O maestra era muito expressivo e podíamos ver como a música era o que fazia seu sangue correr pelo corpo. Penso que duas músicas me deixaram especialmente arrepiada. A primeria é uma valsa, que nem mesmo algumas das mexicanas que estavam comigo sabiam que era mexicana. Parece que seu compositor, Juventino Rosas, assim que a compôs, mal teve tempo de divigugá-la em seu país, pois Porfírio Diaz, o presidente da época, quis levá-la logo a Europa de tão bonita. E de tanto sucesso que fez no Velho Continente, quando seu compositor quis apresentá-la aos mexicanos, ninguém reconheceu sua verdadeira nacionalidade. Tenho certeza que muitos já ouvimos, pois é muito famosa:



Suite México 1910 foi outra que me encantou especialmente:



O mais incrível foi ver que embora somente se tocasse a melodia da música, não era difícil ouvir sua letra - pois bastava olhar ao redor que podíamos ver famílias, casais, crianças, senhoras e senhores cantando para acompanhar a orquestra.

E a participação do público era tão ativa que, na última canção, Huapango, o maestro, ao perceber que o público começou a bater palmas para acomanhá-lo, logo fez um sinal para que paréssemos... depois dirigiu uma de suas mãos ao público como se nos dissesse que logo entraríamos... e então fez o sinal para que começassemos a bater palmas. Éramos mais uma parte da orquestra que regia! E assim a música toda: nos pedia para parar algumas vezes e voltar em outras. Foi realmente muito emocionante, pois nos tornamos parte do espetáculo.

A música é algo incrível. Eu não sei como, nem porquê, mas é inegável que entra em nós muito mais do que através da vibração dos tímpanos. Entra por todos os poros do corpo. E não falo só da música clássica. Falo da música. Desde o rock até às valsas mais tradicionais, a música nos consome, e nos dá essa vontade de ser um com ela: o que só podemos expressar por meio da dança. Não podemos escutar algumas batucadas que já começamos a ter cócegas por todo corpo. A dança transmite a alegria do ser humano. Me lembro dessa passagem bíblica em que, em suprema felicidade, o rei Davi cantava e dançava os salmos de louvor a Deus. E é muito bonito pensar isso. Em um de seus sonhos proféticos, Dom Bosco esteve no que chamou uma ´ante-sala´ do Céu; e uma das coisas que descreve era a música:

Enquanto contemplava extasiado tão estupendas maravilhas que adornavam aqueles jardins, eis que chega a meus ouvidos uma música dulcíssima, de tão agradável e suave harmonia que nem posso dela dar-vos adequada idéia. As músicas do Padre Cagliero e de Dogliani nada têm de musical se comparadas àquela! Eram cem mil instrumentos, produzindo cada qual um som diverso do outro, enquanto todos os sons possíveis difundiam pelos ares suas ondas sonoras. A estes, somavam-se os coros de cantores.

Isso me fez pensar... que talvez Deus não seja somente a visão beatífica. Certamente é também a audição beatífica. Pois sendo tudo, certamente nos preencherá em todos os sentidos no Céu, incluindo na audição. Penso em Moisés, e na passagem que ouviu a Deus, na sarça ardente. Que melodiosa e doce deve ser a voz de Deus! Penso em S. Juan Diego, o índio que viu Nossa Senhora de Guadalupe, aqui no México, e que momentos antes de sua primeira visão escutou um pássaro que cantava tão bonito, que quis aproximar-se do som para ouvi-lo melhor... melodia que o levou a Nossa Senhora!

E pensar, que Deus, sendo menino, ouviu Nossa Senhora cantar para niná-Lo. Um Deus que se deixa ninar, que deixa que cantemos para lhe agradar aos ouvidos... A verdade é que às vezes eu mal posso me conter, e muitas vezes me pego cantando à Ele as músicas bonitas que temos. Mesmo que a minha voz seja terrível para cantar, canto baixinho, canto interiormente, pensando que o Amor converte tudo em beleza.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O céu...

´Jerusalém, Jerusalém (...) quantas vezes eu quis reunir teus filhos, como a galinha reúne seus pintinhos debaixo de suas asas... ´ (Mt 23, 37)

Não há modo de estar aqui, sem pensar, sem sentir, sem amar.
A cada manhã, quando tenho que passar por uma ponte alta no caminho para faculdade, tenho uma vista belíssima da cidade. Mas não é isso que tira meu ar.
Mas o céu. Ah, que lindo é o céu de Toluca!
Porque é um céu intenso. Porque parece viver meu interior. Porque acorda dourando as nuvens.
E para mim, é a visão do Céu. Porque quando vejo, ao longe, aquele Sol, escondido atrás das nuvens que faz tudo ao redor parecer ouro, me pego novamente desejando o Céu. E não porque desejo morrer, senão porque desejo viver intensamente.
Porque o céu de Toluca fica cinza, quando me sinto longe dEle. Porque as nuvens decidem esconder o azul, como se envergonhassem de sua beleza.
Mas sobretudo, o céu de Toluca é sempre perto. Está a um toque, e parece que a qualquer momento pode nos submeter em sua imensidão.
Porque o Sol de Toluca é mais forte, e me queima, como se desejasse penetrar em meu sangue, e correr pelas minhas veias, e quem sabe assim, poderia me aquecer.
Porque quando bate no verde das folhas, reflete a vida.
E pensar... e pensar, que é sempre o mesmo céu, é sempre o mesmo Sol.
Porque é o mesmo Sol que ilumina a mim e aos que deixei.
E quando me sinto só, Ele vem e me consola, e me mostra sua grandiosidade, de ser como a ave que abre suas asas para proteger seus pintinhos. E a todos eles aquecer.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A família D.

Talvez a maior preocupação da família quando vamos para fora, é saber onde vamos dormir, com quem vamos ficar etc.
A verdade é que quando sai do Brasil, eu não tinha um lugar para dormir em Toluca, somente na Cidade do México, DF. Frequentava o Opus Dei no Brasil, e contatando a obra no México, fui acolhida maravilhosamente nessa cidade, a qual a primeira coisa que conheci foi o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe (sobre isso farei um post especial).
Em Toluca conheci essa família, que eram conhecidos das numerárias do DF e que amorosamente me receberam. São um casal: o senhor e a senhora D., mais sua filha, M. de 30 anos, a segunda dos dez filhos que tiveram (e que hoje estão todos casados, menos M.).
Nos primeiros dias, tínhamos uma relação um pouco distante, porque não sabíamos lidar tão bem com a situação. Com o passar dos dias, chegava em casa e falava um pouco da faculdade, das pessoas, etc e então o casal me comentava algo, ria de algumas coisas engraçadas, sorriam. Me perguntaram do Brasil, e eu falava tudo que podia, querendo sanar sua curiosidade. A Sra. D. parece ser uma senhora de sorriso difícil, e eu simplesmente me derretia quando a via sorrir por algo que eu falava ou fazia.
Ao final que a Sra. D., em duas semanas, me apresentava a família como sua filha número 11, adotada do Brasil (:
Se uma família com dez filhos pareceu grande a vocês, deixem-me falar dos 24 netos.
Fui apresentada a cada um dos filhos e cunhados, e por consequência, aos netos. Dois de seus filhos vivem em outro estado, e então, até agora não pude conhecê-los - o que faz com que eu tenha conhecido apenas os outros 18 os netos.
Toda quinta-feira é dia de deles: Chegam por volta das 16h, e ficam até umas 20h, brincando de todas as coisas mais imagináveis possíveis, porque afinal, têm entre 1 e 18 anos.
Eu separo em três turmas: os maiorzinhos de 7 à 14, os meninos pequenos de 5, e as meninas de 3 à 5. Na primeira quinta que vieram brinquei de esconde-esconde com os de 5. Na segunda quinta, com as meninas de ´mamãe e filhinha´ e depois com elas mais os meninos de esconde-esconde. Hoje, a terceira quinta, brinquei com todos: pega-pega, esconde-esconde, vivo-morto, estátua, pula-pula... e ainda deu tempo para conversar um pouco com os maiores sobre o Brasil, falar português e etc, em quanto uma das meninas de 5, R., vendo o meu cansaço me disse: ´Fique aí, que vou te pegar um copo da água.´ A mesma que na volta, ao me ver falando do Brasil me perguntou: ´E que língua falam em seu planeta?´ - ao que claro todos riram, e que carinhosamente P., de 10, lhe disse: ´não é planeta, é país´.
Com a outra menina de 5, S., foi ainda mais bonito: ao elogiar sua medalhinha de Nossa Senhora ela me disse: ´É para eu falar com a minha vózinha´ e com isso beijou a medalha e jogou outro beijo para o Céu. E eu falei:
- Ahh, vc fala com sua vózinha ?! E com Nossa Senhora você fala?
- Não dá para falar com Nossa Senhora, ela está no Céu!
- Ué, mas como não se eu falo ?!
S. abre espantosamente seu grandes olhos e me fala com um sorriso:
- Você fala com Nossa Senhora ? Mas como ?
- Ora, assim como eu falo com vc! Converso com ela durante o dia, falando dos meus amigos, do que tenho que fazer etc... Você devia tentar!
E então, chegou R. e nos disse:
- Meninas, meninas, vamos brincar de mamãe e filhinha ?

E há claro, A., que têm 3 anos,e um gênio forte - mas que é incrivelmente amável. Na primeira vez que a vi, não quis vir falar comigo. Hoje, quando me convidaram para ir ao enorme pula-pula que há no jardim,  ao expressar o meu medo, A. me disse:
- No te preocupes, yo te cuido.
Depois de uma promessa dessa, quem poderia resitir ?

O fato é que acabei ganhando 15 sobrinhos (os outros três não vem muito aqui), que às quintas me puxam de um lado a outro para brincar. E outro dia lembrei de como não gostava de brincar com minha irmã, quando ela era pequena, porque eu estava naquela fase ´quero-ser-adulta´. Que pena! Quando vejo essas meninas, penso nela, e no quanto eu queria voltar no tempo para brincar com minha irmã do jeito que faço hoje com S., A. e R. ...
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Anedota do dia:

Tentar explicar aos adultos o que são coxinhas, esfihas, pães-de-queijo e todos esses salgados do Brasil, para demonstrar porque não sentimos falta de tortillas.
Tente você explicar - em espanhol - o que é uma esfiha para um adulto que nunca viu isso nada vida!

domingo, 2 de setembro de 2012

Sobre as aulas, Chaves e Cri Cri

Bom, as aulas na faculdade são um pouco como na Letras.
Estou fazendo 4 matérias, duas são com os bixos (Español escrito e Literatura Prehispánica) e duas com o pessoal do 5o semestre (Analise del texto narrativo e Literatura Latinoamericana 1940-1970).
Como na Letras, as matérias com os bixos são sempre muito lotadas (isso em comparação com as outras matérias aqui na faculdade porque, vejam só, são 240 alunos em TODA a gradução de Letras, o que nem se compara com os 800 bixos que entram por ano na Letras da usp). Então somos como 50 alunos nas matérias do primeiro ano e cerca de 20 nas matérias do terceiro ano.
Quanto a participação, é o de sempre: têm aqueles 3 ou 4 alunos que sempre perguntam, comentam, respondem, e há outros casos em que, por exemplo, nas aulas dos mais velhos acontecem em que os alunos são convidados a falar D:
A verdade é que como estrangeira, os professores SEMPRE me convidam a comentar algo em sala de aula. E isso passa tb com outras duas brasileiras que fazem Prehispánica comigo (bom, pelo menos nessa aula específica). Isso significa que eu sempre tenho que estar muito a par dos textos, da aula e tudo isso.
Uma vez, estava o professor de prehispánica comentando sobre os objetos utilizados pelos antigos povos americanos. E enquanto ele falava isso, eu comecei a pensar que não sabia de nenhum objeto específicos que os indígenas do br usavam, e que portanto se o professor me perguntasse sobre isso, certamente eu não saberia responder... até que vejo o professor olhando para mim e me perguntando:
- E como é o nome disso em português ?
Bom, eu não tinha a mínima ideia do que ele se referia com ´disso´. Estava muito ocupada aqueles três minutos tentanto lembrar de objetos indígenas brasileiros... então garguejei:
- ahhhhhnnnnn.. não me lembro...
Então o professor fez uma cara de quem se deu conta de que eu não estava prestanto atenção...e continuou a aula...
Depois disso, a verdade é que o professor perguntou menos para mim (o que não significa que não tenha mais perguntado...)
...

Além disso tem o Chaves. Sabe que aqui no México também passa ainda Chaves na televisão. Mas, pelo que eu andei conversando com os mexicanos, o seriado é considerado como uma ´cultura muito baixa´, isso é, se vc gosta de Chaves isso significa que tem uma cultura muito pobre e essas coisas. Mas apesar disso é muito fácil encontrar doces com a marca do seriado, ou então bonecos, adesivos etc.  Inclusive uma vez ganhei de uma amiga um pirulito do Chaves que vinha com um barril que tinha dentro... PIMENTA! Sim, pimenta em pó para mergulhar o pirulito dentro :OOO
Ainda não abri o pirulito, mas quando o fizer faço um post sobre a experiência.
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Estou estudando (ou tentanto) um pouco sobre música e história mexicana, principalmente por meio de perguntas a respeito de quem são as pessoas nas notas do dinheiro, dos nomes das principais avenidas e ruas etc. Um dia fiquei conversando com pessoas da faculdade sobre música. E me passaram um video do YouTube de um cantor antigo-clássico das crianças, que é conhecido como CriCri. O video, curiosamente, conta a história de uma niña chamada Esther (que eu descobri ser um nome considerado muito antigo, de senhoras sabe...):
Para quem não entender a letra: ´Tete´ é o apelido carinho de Esther. Conta a história de uma menina que queria se casar e por isso ficava na janela esperando seu ´príncipe azul´. Acontece que obviamente na janela só passavam muchachos que não valiam a pena; então sua mãe dizia a ela para que entrasse em casa (´metete tete´).

hahaha, bom é isso por hoje (:
Beijinhos!