Uma vez eu vi uma senhora limpar um
oratório.
Ao ver o trabalho que tinha que fazer, e
pelo Amor que estava ali a observando desde o Sacrário, fui perguntar-lhe se
não podia ajudá-la.
Passava aquele paninho em cada banco, cada
acento, cada genuflexório, ia até os pés de cada um deles. Depois tiramos o pó
das janelas, e com um espanador especial, o pó do altar.
Por fim acabamos e ao ver-me tão feliz, a
senhora me disse:
- Agora só falta tirar o pó do Sacrário.
Você gostaria de fazê-lo ?
Ao ver meus olhos brilhando de alegria,
tirou um espanador de uma caixinha toda especial, que não permitia que entrasse
pó dentro dela. Explicou-me que era feito das mais finas e suaves penas do
avestruz. E finalmente mo deu. Fui em direção ao Sacrário. Tirei o véu que o cobria
e comecei a limpá-lo.
E então já não era uma ´caixinha de ouro´.
Era um menino, com seus 7 anos de idade, sentado enquanto eu lhe penteava e
acariciava os cabelos. Eu tomava seus cabelos e ia de um lado para o outro,
brincava de colocar sua franja para frente, e de lado e Ele ria. Pensei então
em quantas vezes teria feito o mesmo a Virgem Maria, e agradeci a ela esse
pequeno mimo de poder pentear o Menino Jesus. Por fim, tomei o véu, e pedi ao
pequeno que levantasse seus bracinhos para que eu colocasse sua roupa.
Obediente e com um doce sorriso, os levantou. Ajeitei bem, para que ficasse bem
ajustado. E, num piscar de olhos, o menino se fora e ali estava de novo a ´caixinha
dourada´.
Voltei à salinha em que guardávamos o
espanador, e o coloquei cuidadosamente em sua caixa.
Sai,
e me sentei em um dos bancos.
E pensei o quão amável era Deus... que
deixava-se estar vulnerável como um menino... que se deixava como Pão, para O
acolhermos, para O Amarmos.
E que ainda assim tão poucos O amavam.
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