quarta-feira, 10 de outubro de 2012


Uma vez eu vi uma senhora limpar um oratório.

Ao ver o trabalho que tinha que fazer, e pelo Amor que estava ali a observando desde o Sacrário, fui perguntar-lhe se não podia ajudá-la.

Passava aquele paninho em cada banco, cada acento, cada genuflexório, ia até os pés de cada um deles. Depois tiramos o pó das janelas, e com um espanador especial, o pó do altar.

Por fim acabamos e ao ver-me tão feliz, a senhora me disse:

- Agora só falta tirar o pó do Sacrário. Você gostaria de fazê-lo ?

Ao ver meus olhos brilhando de alegria, tirou um espanador de uma caixinha toda especial, que não permitia que entrasse pó dentro dela. Explicou-me que era feito das mais finas e suaves penas do avestruz. E finalmente mo deu. Fui em direção ao Sacrário. Tirei o véu que o cobria e comecei a limpá-lo.

E então já não era uma ´caixinha de ouro´. Era um menino, com seus 7 anos de idade, sentado enquanto eu lhe penteava e acariciava os cabelos. Eu tomava seus cabelos e ia de um lado para o outro, brincava de colocar sua franja para frente, e de lado e Ele ria. Pensei então em quantas vezes teria feito o mesmo a Virgem Maria, e agradeci a ela esse pequeno mimo de poder pentear o Menino Jesus. Por fim, tomei o véu, e pedi ao pequeno que levantasse seus bracinhos para que eu colocasse sua roupa. Obediente e com um doce sorriso, os levantou. Ajeitei bem, para que ficasse bem ajustado. E, num piscar de olhos, o menino se fora e ali estava de novo a ´caixinha dourada´.

Voltei à salinha em que guardávamos o espanador, e o coloquei cuidadosamente em sua caixa.

 Sai, e me sentei em um dos bancos.

E pensei o quão amável era Deus... que deixava-se estar vulnerável como um menino... que se deixava como Pão, para O acolhermos, para O Amarmos.

E que ainda assim tão poucos O amavam.

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