O tempo no México é algo desconcertante.
Porque parece escorrer, parece ter pressa. Quer que eu viva
dois dias de cada vez.
Eu tenho esse dom ou defeito de me acostumar muito
facilmente às circunstâncias. Nesses dias me dei conta que tinha me acostumado
a pegar o ônibus ao sair da faculdade, a conversar com as pessoas aí, a jantar
tortillas com M., a preparar meu café-da-manhã na noite anterior, a ir pelo parque
a pé fazendo a ação de graças, pela Comunhão recebida.
E então me dei conta... de que não é minha vida. De que é
uma experiência, e que irá durar somente esses meses. E que apesar de ter
deixado pessoas queridíssimas no Brasil, me dá um terrível aperto no coração pensar
que muitas dessas pessoas com quem converso diariamente agora, nunca mais irei
ver na minha vida.
Por isso meus últimos dias têm sido um constante
não-me-acostumar. Não me deixar levar por essa rotina, que não é a minha, que é
apenas desses meses. E aproveitar a cada
uma dessas pessoas o máximo que posso, porque o tempo urge, e não posso
esperar, não posso desperdiçar um único minuto.
Essa semana, entre essas conversas diárias que temos na
faculdade, vi L., uma amiga, de repente colocar uma cara triste quando ela
mesma se deu conta disso tudo...´mas Esther... vc voltará, não é verdade... para
visitar-nos...? ´ Não pude responder. Mudamos de assunto. Porque é muito doloroso.
Quem sabe ? Quem sabe se vou voltar ? Talvez eu nunca mais volte a esse país – e
não porque não tenha gostado, pois cada dia me cresce um amor por essa terra! – mas
porque... quem sabe ...?
Que coisa é o amor. Nos deixa vulneráveis. Porque acabamos
por nos importar de verdade. E às vezes isso gera essas dores. Mas isso não é
motivo para decidir não amar. Porque... o que é a vida sem amor ? Vou dizer: é
vazio. Quando amamos somente a nós mesmo, quando pensamos somente em nossos
problemas, nos tornamos cada vez mais tristes. A verdadeira alegria é amar,
amar a todos, ainda que nos façam mal. Ainda que não nos caiam bem. Amar a
todos, porque isso nos torna livres, felizes, e ... vulneráveis. Mas quem se
importa ?
Se Ele, por amor, quis se deixar ser vulnerável, e veio como
um bebê indefeso...
Porque nos ama, se deixa ofender por nossas misérias, ao ver que fazemos mal a nós mesmos quando não O amamos. Se Ele, que é Deus, se permite vulnerável por amor... quem sou eu para não querer imitá-Lo ?
Porque nos ama, se deixa ofender por nossas misérias, ao ver que fazemos mal a nós mesmos quando não O amamos. Se Ele, que é Deus, se permite vulnerável por amor... quem sou eu para não querer imitá-Lo ?
Porque por detrás de todo sofrimento que lhe causou
amar-nos, nos deu a felicidade da vida eterna. Assim que confio que essa
pequena dor de pensar que tudo aqui é temporário, também dará algum fruto, porque
quem ama, já tem sua recompensa.
Hahaha esses posts tão me lembrando missas!
ResponderExcluirAs mensagens são lindas, Teh! Continua a escrever, e desculpa por estar meio ausente nessas últimas semanas, como você mesma disse, ás vezes a gente acaba se preocupando só com nossos problemas e fica um pouco cego pro mundo!
(O que no meu caso é bem literal, nas duas últimas semanas estive tendo problemas de saúde um atrás do outro, e agora estou com conjuntivite, só um olho funcionando direito!)
Mas aqui estou, e ansiosamente esperando pelo seu próximo texto (: