segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Música


Aqui, nos dias 15 e 16 se comemora a Independência mexicana e são festejadas com muito patriostismo. Todos as prefeituras se enfeitam de vermelho e verde, todas as casas e carros na rua exibem bandeiras, todos os camelôs vendem todo o tipo de artigo para vestir nas comemorações: desde bigodes a sombreiros com o dizer ´iViva México!´, todas as lojas colocam piscass-piscas, e não é raro escutar quem grite ´Viva México´ pelas ruas, no rádio, na tv.

Na última sexta-feira fui ao Auditório Nacional para ouvir a Orquestra de Minería tocar músicas mexicanas em homenagem às Festas Pátrias. O auditório estava cheio de pessoas de todos os lugares e classes sociais, todos conversando, esperando nas filas, ansiosos.

A verdade é que, o concerto foi realmente muito bonito. E mais bonito ainda é ver o patriotismo dos mexicanos. Eu já ficara impressionada quando assiste ao jogo Brasil x México porque quando iniciaram o hino nacional todas as mexicanas na sala se levantaram em um salto. E o mesmo passou quando a orquestra iniciou com o hino - pois todos se colocaram de pé, inclusive os músicos que poderiam tocar seus instrumentos nessa posição.

Sei que muitos não se importam com a música clássica, e pensam que é uma chatice. Mas esse espetáculo não foi. O maestra era muito expressivo e podíamos ver como a música era o que fazia seu sangue correr pelo corpo. Penso que duas músicas me deixaram especialmente arrepiada. A primeria é uma valsa, que nem mesmo algumas das mexicanas que estavam comigo sabiam que era mexicana. Parece que seu compositor, Juventino Rosas, assim que a compôs, mal teve tempo de divigugá-la em seu país, pois Porfírio Diaz, o presidente da época, quis levá-la logo a Europa de tão bonita. E de tanto sucesso que fez no Velho Continente, quando seu compositor quis apresentá-la aos mexicanos, ninguém reconheceu sua verdadeira nacionalidade. Tenho certeza que muitos já ouvimos, pois é muito famosa:



Suite México 1910 foi outra que me encantou especialmente:



O mais incrível foi ver que embora somente se tocasse a melodia da música, não era difícil ouvir sua letra - pois bastava olhar ao redor que podíamos ver famílias, casais, crianças, senhoras e senhores cantando para acompanhar a orquestra.

E a participação do público era tão ativa que, na última canção, Huapango, o maestro, ao perceber que o público começou a bater palmas para acomanhá-lo, logo fez um sinal para que paréssemos... depois dirigiu uma de suas mãos ao público como se nos dissesse que logo entraríamos... e então fez o sinal para que começassemos a bater palmas. Éramos mais uma parte da orquestra que regia! E assim a música toda: nos pedia para parar algumas vezes e voltar em outras. Foi realmente muito emocionante, pois nos tornamos parte do espetáculo.

A música é algo incrível. Eu não sei como, nem porquê, mas é inegável que entra em nós muito mais do que através da vibração dos tímpanos. Entra por todos os poros do corpo. E não falo só da música clássica. Falo da música. Desde o rock até às valsas mais tradicionais, a música nos consome, e nos dá essa vontade de ser um com ela: o que só podemos expressar por meio da dança. Não podemos escutar algumas batucadas que já começamos a ter cócegas por todo corpo. A dança transmite a alegria do ser humano. Me lembro dessa passagem bíblica em que, em suprema felicidade, o rei Davi cantava e dançava os salmos de louvor a Deus. E é muito bonito pensar isso. Em um de seus sonhos proféticos, Dom Bosco esteve no que chamou uma ´ante-sala´ do Céu; e uma das coisas que descreve era a música:

Enquanto contemplava extasiado tão estupendas maravilhas que adornavam aqueles jardins, eis que chega a meus ouvidos uma música dulcíssima, de tão agradável e suave harmonia que nem posso dela dar-vos adequada idéia. As músicas do Padre Cagliero e de Dogliani nada têm de musical se comparadas àquela! Eram cem mil instrumentos, produzindo cada qual um som diverso do outro, enquanto todos os sons possíveis difundiam pelos ares suas ondas sonoras. A estes, somavam-se os coros de cantores.

Isso me fez pensar... que talvez Deus não seja somente a visão beatífica. Certamente é também a audição beatífica. Pois sendo tudo, certamente nos preencherá em todos os sentidos no Céu, incluindo na audição. Penso em Moisés, e na passagem que ouviu a Deus, na sarça ardente. Que melodiosa e doce deve ser a voz de Deus! Penso em S. Juan Diego, o índio que viu Nossa Senhora de Guadalupe, aqui no México, e que momentos antes de sua primeira visão escutou um pássaro que cantava tão bonito, que quis aproximar-se do som para ouvi-lo melhor... melodia que o levou a Nossa Senhora!

E pensar, que Deus, sendo menino, ouviu Nossa Senhora cantar para niná-Lo. Um Deus que se deixa ninar, que deixa que cantemos para lhe agradar aos ouvidos... A verdade é que às vezes eu mal posso me conter, e muitas vezes me pego cantando à Ele as músicas bonitas que temos. Mesmo que a minha voz seja terrível para cantar, canto baixinho, canto interiormente, pensando que o Amor converte tudo em beleza.

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