quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A família D.

Talvez a maior preocupação da família quando vamos para fora, é saber onde vamos dormir, com quem vamos ficar etc.
A verdade é que quando sai do Brasil, eu não tinha um lugar para dormir em Toluca, somente na Cidade do México, DF. Frequentava o Opus Dei no Brasil, e contatando a obra no México, fui acolhida maravilhosamente nessa cidade, a qual a primeira coisa que conheci foi o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe (sobre isso farei um post especial).
Em Toluca conheci essa família, que eram conhecidos das numerárias do DF e que amorosamente me receberam. São um casal: o senhor e a senhora D., mais sua filha, M. de 30 anos, a segunda dos dez filhos que tiveram (e que hoje estão todos casados, menos M.).
Nos primeiros dias, tínhamos uma relação um pouco distante, porque não sabíamos lidar tão bem com a situação. Com o passar dos dias, chegava em casa e falava um pouco da faculdade, das pessoas, etc e então o casal me comentava algo, ria de algumas coisas engraçadas, sorriam. Me perguntaram do Brasil, e eu falava tudo que podia, querendo sanar sua curiosidade. A Sra. D. parece ser uma senhora de sorriso difícil, e eu simplesmente me derretia quando a via sorrir por algo que eu falava ou fazia.
Ao final que a Sra. D., em duas semanas, me apresentava a família como sua filha número 11, adotada do Brasil (:
Se uma família com dez filhos pareceu grande a vocês, deixem-me falar dos 24 netos.
Fui apresentada a cada um dos filhos e cunhados, e por consequência, aos netos. Dois de seus filhos vivem em outro estado, e então, até agora não pude conhecê-los - o que faz com que eu tenha conhecido apenas os outros 18 os netos.
Toda quinta-feira é dia de deles: Chegam por volta das 16h, e ficam até umas 20h, brincando de todas as coisas mais imagináveis possíveis, porque afinal, têm entre 1 e 18 anos.
Eu separo em três turmas: os maiorzinhos de 7 à 14, os meninos pequenos de 5, e as meninas de 3 à 5. Na primeira quinta que vieram brinquei de esconde-esconde com os de 5. Na segunda quinta, com as meninas de ´mamãe e filhinha´ e depois com elas mais os meninos de esconde-esconde. Hoje, a terceira quinta, brinquei com todos: pega-pega, esconde-esconde, vivo-morto, estátua, pula-pula... e ainda deu tempo para conversar um pouco com os maiores sobre o Brasil, falar português e etc, em quanto uma das meninas de 5, R., vendo o meu cansaço me disse: ´Fique aí, que vou te pegar um copo da água.´ A mesma que na volta, ao me ver falando do Brasil me perguntou: ´E que língua falam em seu planeta?´ - ao que claro todos riram, e que carinhosamente P., de 10, lhe disse: ´não é planeta, é país´.
Com a outra menina de 5, S., foi ainda mais bonito: ao elogiar sua medalhinha de Nossa Senhora ela me disse: ´É para eu falar com a minha vózinha´ e com isso beijou a medalha e jogou outro beijo para o Céu. E eu falei:
- Ahh, vc fala com sua vózinha ?! E com Nossa Senhora você fala?
- Não dá para falar com Nossa Senhora, ela está no Céu!
- Ué, mas como não se eu falo ?!
S. abre espantosamente seu grandes olhos e me fala com um sorriso:
- Você fala com Nossa Senhora ? Mas como ?
- Ora, assim como eu falo com vc! Converso com ela durante o dia, falando dos meus amigos, do que tenho que fazer etc... Você devia tentar!
E então, chegou R. e nos disse:
- Meninas, meninas, vamos brincar de mamãe e filhinha ?

E há claro, A., que têm 3 anos,e um gênio forte - mas que é incrivelmente amável. Na primeira vez que a vi, não quis vir falar comigo. Hoje, quando me convidaram para ir ao enorme pula-pula que há no jardim,  ao expressar o meu medo, A. me disse:
- No te preocupes, yo te cuido.
Depois de uma promessa dessa, quem poderia resitir ?

O fato é que acabei ganhando 15 sobrinhos (os outros três não vem muito aqui), que às quintas me puxam de um lado a outro para brincar. E outro dia lembrei de como não gostava de brincar com minha irmã, quando ela era pequena, porque eu estava naquela fase ´quero-ser-adulta´. Que pena! Quando vejo essas meninas, penso nela, e no quanto eu queria voltar no tempo para brincar com minha irmã do jeito que faço hoje com S., A. e R. ...
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Anedota do dia:

Tentar explicar aos adultos o que são coxinhas, esfihas, pães-de-queijo e todos esses salgados do Brasil, para demonstrar porque não sentimos falta de tortillas.
Tente você explicar - em espanhol - o que é uma esfiha para um adulto que nunca viu isso nada vida!

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